Meu caminho no sagrado feminino:
Esta expressão “sagrado feminino” é uma redundância, pois todo feminino é sagrado! Assim como todo masculino também.
É esta consciência que queremos despertar. Durante algum tempo acreditou-se que a mulher era impura, e ficava culpada, e com a auto-estima ferida. O papel feminino ficou relegado ao papel secundário, pois acreditava-se que o homem é que sabia, o mundo masculino tomou posse de tudo. A mulher e o feminino ficou de fundo, como sombra.
Trabalho o sagrado feminino dentro do caminho vermelho, do Xamanismo. O caminho vermelho é o caminho nativo, dos indígenas. Xamanismo é o conjunto de prática dos Xamãs, nome que os antropólogos deram aos homens e mulheres que tratavam da cura do povo, que viajavam em outras dimensões.
O ritual indígena norte americano das mulheres se chama Tenda da Lua, que era para onde as mulheres iam no período menstrual. Tratava-se de um recolhimento, um momento de ficar entre mulheres compartilhando. Esta parada mensal que as mulheres nativas fazem até hoje não é vivido pelas mulheres da cidade, por isto o corpo dói neste período menstrual, pois continuamos fazendo as mesmas coisas quando nosso corpo pede pra parar.
Tive uma permissão para começar um círculo de mulheres por uma anciã (Kelly) que disse que como mulher, eu poderia seguir a minha intuição. São as mulheres que intuem, sonham e passam rituais para os homens, em algumas sociedades tribais. Eu já trilhava o caminho vermelho (desde o ano 2001) e já trabalhava com workshops das deusas gregas, quando comecei a fazer círculo de mulheres na lua nova em julho de 2004.
Eu tinha a permissão, duas amigas com o mesmo chamado que eu, e havia participado de um grupo do Sagrado Feminino com a Ninom, no ano 2000. Então, como começar?
Eu tinha a permissão, duas amigas com o mesmo chamado que eu, e havia participado de um grupo do Sagrado Feminino com a Ninom, no ano 2000. Então, como começar?
Aliado à intuição, busquei conhecimento das tradições indígenas, primeiro com o da tradição Odjibway, com minha mestra Athamis, com quem aprendi a fazer jornadas xamânicas e fazer meu próprio tambor. Athamis que traz a Kelly, mulher da rocha branca, anciã Odjibway, que vem pelo menos uma vez por ano pra passar ensinamentos.
Ah, não posso deixar de citar, meus irmãos Cheyenne: Tony Paixão que me ensinou a Cura Xamânica e Roda de Cura, além de ter feito meu primeiro tambor. Carlos Sauer que trouxe o ritual da tenda do suor, fez uma tenda só para mulheres, quando eu participava do grupo da Ninom. E também o workshop do antropólogo Michael harner de jornada xamânica. Artemus Ixã, homem do fogo, me ensinou como fazer o fogo do primeiro círculo da lua nova.
Ah, não posso deixar de citar, meus irmãos Cheyenne: Tony Paixão que me ensinou a Cura Xamânica e Roda de Cura, além de ter feito meu primeiro tambor. Carlos Sauer que trouxe o ritual da tenda do suor, fez uma tenda só para mulheres, quando eu participava do grupo da Ninom. E também o workshop do antropólogo Michael harner de jornada xamânica. Artemus Ixã, homem do fogo, me ensinou como fazer o fogo do primeiro círculo da lua nova.
Depois de ter conhecido Fabiano Txanabane Huni Kuin e viajado para as aldeias duas vezes, me aprofundei na tradição huni Kuin. Viajei até a cabeceira do rio Jordão, na última aldeia chamada Novo Segredo, onde eu vi o céu descer à Terra e reconhecer que esta é a missão de todos nós. Participei de vários rituais Huni Kuin de expansão da consciência e passei a ajudá-lo nos rituais.
Também fiz uma iniciação celta com a Malu Lobo, pois como meus ancestrais são europeus, sentia que deveria honrar meus ancestrais.
Nos círculos, não sigo uma única tradição, mas sigo o que minha intuição me diz pra fazer e qual tradição seguir em determinado momento. Também convido mulheres do caminho vermelho para compartilhar ensinamentos e às vezes só fluimos, passando a pena, abrindo nossos corações. Acabamos sendo oráculos e medicinas umas das outras. Existe um empoderamento das mulheres nestes simples gestos, de abrir o coração e compartilhar cada uma sua medicina.
Medicina é um dom, um talento, um canto, uma palavra, uma dança. Cada mulher tem a sua própria e nestes círculos descobrimos e compartilhamos medicinas, o que nos fortalece. Eu adoro fazer cantos, trazem harmonia e beleza, além de força e cura.
O Altar
Coloco símbolos das 4 direções:
- no leste uma vela representando o fogo, a nossa intuição. Onde o sol nasce é uma boa direção para pedir por iluminação de alguma questão e se lançar como a águia.
- no sul, um vaso com água, representando nossas emoções, nossa criança interior, o coiote que vem nos trazendo lições
- no oeste, a Terra, cristais, ervas representam a terra, nossas sensações, no oeste é o local da caversa da ursa, local de silêncio e introspecção
- no norte, o ar, penas representam o ar. É o local do ancião, dos ancestrais, dos mestres. O animal é o búfalo, quer representa a abundância.
(Sigo a roda de cura Cheyenne, pois foi a primeira que aprendi e a que ficou dentro de mim)
Ainda tenho no altar meus objetos de poder, meu tambor, que é um veículo de transporte para outras dimensões. Pois com ele posso fazer jornadas xamânicas, tocar meu coração e o de outras pessoas. O som do tambor nos ajuda a harmonizar nosso corpo, mente e espírito.
A maraca de tartaruga, pois meu clã é o da tartaruga. Quem é do clã da tartaruga tem a missão de trabalhar com a Mãe Terra. Existe uma estoria que a tartaruga cedeu o casco para criação do planeta Terra. Ou seja o meu trabalho com o feminino está em total sintonia com meu clã.
Sempre começo o trabalho chamando os elementos, com um canto Huni Kuin, e fecho com um canto Odjibway de agradecimento à sete direçoes, além das 4, mais o pai céu, a mãe Terra e o centro do nosso coração.
Tudo isto pode mudar, se sentir uma orientação interna sobre isto. Sinto que não devemos nos apegar a formas, regras e sim priorizar a conexão. Melhor ainda quando mais de uma pessoa no círculo intui a mesma coisa. Sinal de que é o caminho correto a seguir.
Nestes anos todos de círculo, isto sempre tem ocorrido, mais de uma mulher, no caso, intui a mesma coisa, às vezes de forma diferente mas com a mesma essência.
No momento, eu e minhas companheiras de círculo, estamos sentindo que é necessario compartilhar o sagrado feminino também com os homens, para que eles também possam curar esta força feminina do caminho da beleza, da harmonia, do amor.
O novo chamado é para orarmos pela Mãe Terra fazendo orações à Mãe divina, e o combinado foi Ave maria às 18 horas todos os dias, ou outra oração que a pessoa tenha mais afinidade. Desta forma um círculo energético de luz feminina estará sendo realizado.
Também existe o chamado para que os círculos femininos se encontrem, ou pelo menos as coordenadoras, a fim de potencializar mais ainda os trabalhos com as trocas de experiências e amor compartilhado. Isto está para acontecer.... Vamso criar mais esta realidade?
Sílvia Rocha
“Atena, ajude-me a refletir claramente sobre uma situação
Perséfone, ajude-me a permanecer disponível e receptiva
Hera, ajude-me a desempenhar um compromisso e a ter confiança
Deméter, ensine-me a ser paciente e generosa; ajude-me a ser uma boa mãe
Ártemis, conserve-me centrada naquele objetivo distante
Afrodite, ajude-me a amar e apreciar meu corpo
Héstia, honre-me com sua presença, traga-me paz e serenidade”
Jean Shinoda Bolen
“A espiritualidade centrada no Sagrado Feminino proporciona uma nova visão da Terra e da mulher. Propondo a renovação individual, coletiva e global e a expansão da consciência.” – Mirella Faur
“Grupos conduzidos por e para mulheres são nosso refúgio psíquico;
nosso local para descobrirmos quem somos
ou o que podemos nos tornar como seres integrais e independentes.
Em algum momento em nossas vidas,
cada uma de nós precisa de um território livre.
Um pequeno território psíquico.
Você tem um?”
Gloria Steinem
“Eu sou um círculo / Eu vou te curar
Você é um círculo / Você vai me curar
Unidas somos UM”
Canção da Espiritualidade Feminina,
auto desconhecido
“O processo de criação de uma nova cultura onde pode, beleza e mistério coexistirem não é algo que possa ser adiado. Para tal precisamos nos engajar na jornada interna que leva à profunda transformação do registro patriarcal na psique feminina.
É um privilégio estar viva como mulher neste momento crucial de despertar. Você é parte desta re-emergência, eu também sou. Isto está acontecendo nos mais diversos contextos culturais. É um fenômeno global.”
May East
“O Círculo é um princípio e também uma forma. Ele age contra a ordem social, a compartimentalização, superior/inferior, a hierarquia que compara uma mulher às outras. (...) Cada mulher, em cada círculo, que se transforma através de sua experiência nele, leva estas mudanças para outras relações. Até que, em um determinado dia, um novo Círculo se formará e ele será o Milionésimo Círculo – aquele que faz a diferença – e nos levará a uma era pós-patriarcal.”- Jean Shinoda Bolen, O Milionésimo Círculo
"As mulheres honram o seu Caminho Sagrado quando se dão conta do conhecimento intuitivo inerente a sua natureza receptiva. Ao confiar nos ciclos dos seus corpos e permitir que as sensações venham à tona dentro deles, as mulheres vêm sendo videntes e oráculos de suas tribos há séculos. As mulheres precisam aprender a amar, compreender, e, desta forma, curar umas às outras. Cada uma delas pode penetrar no silêncio do próprio coração para que lhe seja revelada a beleza do recolhimento e da receptividade".
Jamie Sams